Thursday, December 21, 2006

Sossega menina

Você sabe que quem brinca com fogo não faz xixi na cama como dizia sua avó. Quem se submete a brincar com fogo eventualmente pode acabar se queimando. E você tem queimaduras espalhadas por todo o corpo. Resultado de suas últimas aventuras... Mas tudo bem, são marcas que foram deixadas e que servem pra te lembrar que o passado foi real. Afinal não há aprendizado sem dor. Mas será que você realmente aprendeu alguma coisa? Porque se tivesse aprendido não estaria tão ansiosa pra se queimar de novo. Mas você não consegue escapar. Até tenta, mas é em vão. A magia e o fascínio que o fogo exercem sobre você falam mais alto que seus temores. Você sabe que é perigoso e também sabe o que acontece com quem se aproxima demais. Mas isso não é o suficiente para te alarmar. Pelo contrário, o perigo te instiga. Te faz querer conhecer até onde vão seus limites. E assim você chega o mais perto que pode. O calor vai aumentando gradativamente e você acha que nada vai acontecer e por isso dá mais um passo em direção às chamas. Quando se dá conta já está pegando fogo e as novas cicatrizes são inevitáveis. O problema é que você não consegue se manter afastada desse fogo e às vezes não tem argumentos plausíveis pra explicar por que gosta tanto de correr esses riscos. E você também sabe o que vai acontecer se chegar tão perto de novo, mas você não liga. Prefere queimar e se sentir viva com o sangue correndo em suas veias do que ser uma mera espectadora que observa tudo de longe sem se desafiar e se dar a chance de perder o controle de vez em quando.

Tuesday, December 19, 2006

Faça o que eu digo mas definitivamente não faça o que eu faço

Nem todos nós fomos providos de paciência, e eu sou uma dessas pessoas. Mas cabe a cada um, num exercício diário, o desenvolvimento desse dom. Dom? Sim, porque a capacidade de saber falar e ouvir na hora certa e saber respeitar os limites das pessoas não é para qualquer um. E aqui devo abrir um parênteses. Nesse nosso mundinho individualista e egoísta, a consideração e o respeito foram deixados de lado. Cada um está preocupado com seus próprios problemas e são poucos os que possuem disposição para ouvir o que os outros têm para falar. Enfim...
Já notou que pessoas chatas e irritantes existem em TODOS os cantos? Até mesmo nossos amigos nos tiram do sério (deliberadamente ou não). Nesses momentos onde o ódio toma conta o segredo é respirar fundo e contar até um milhão se necessário. Tem pessoas que nem mesmo com sutilezas percebem que estão sendo chatas e inconvenientes (mais uma vez a velha história do egocentrismo). Nessas horas em questão cabe a você jogo de cintura pra lidar com os tipinhos que acham que o mundo gira ao seu redor. Sempre fui favorável ao diálogo. Se algo te incomoda, não se omita. Quem tenta agradar todo mundo, acaba desagradando a si próprio. Entenda que não estou falando para você ofender as pessoas. Infelizmente você não pode falar TUDO que pensa. Muitas verdades devem ser guardadas para que corações e egos não sejam feridos. Falsidade? Eu diria que não. Chamaria de consideração na verdade. Logicamente que certas pessoas não merecem essa tal de consideração. Mas esse conceito de consideração me faz entrar em contradição. Não dizem que um dos pilares do bom relacionamento é a sinceridade? Então... Se você tem intimidade com a pessoa, você tem que falar como se sente, escolhendo com o devido cuidado as palavras obviamente. Muitas coisas devem ser ditas de forma mais amena, contudo, devem ser ditas. Tenho certeza que você já ouviu aquela história boba do papel amassado que não volta a ser como antes, e se você refletir não é tão boba assim, pelo contrário, faz bastante sentido. Então cuidado com as atitudes e palavras. Certas coisas não tem volta.

Monday, December 11, 2006

Quebrando as regras do auto-controle

Tudo é uma questão de ter motivos pra sair de casa. E você tem o seu. Na verdade seu motivo pra sair de casa não é um bom motivo, é um ótimo motivo. É daquele que quando você bate os olhos não consegue mais parar de olhar, sente calafrios, falta de ar e as palavras faltam. E é por isso que você sai. Não sai esperando que aconteça algo surpreendente, mas no fundo acalenta um desejo que aconteça pelo menos alguma coisa. Chegando lá, você procura e não demora a achar o motivo de ter abandonado sua cama quente e confortável pra sair de casa numa noite fria e nada convidativa. Ele está lá parado e você finge que nem vê, porque te falaram que você precisa ter auto controle nessas horas. Mas você esquece disso 5 minutos depois e adota o "Tá na chuva é pra se molhar".
Você é paciente e sabe que precisa esperar o momento certo. Então espera. E espera mais um pouco e nada acontece. A oportunidade não aparece. Você não ouve aquele estalo e pensa: "Agora é a hora". Mas pelo menos você tem a vodka, a cerveja e os cigarros pra consolar já que o teu motivo não te dá a mínima. Você pensa em encher a cara, mas lembra bem da última vez que fez isso e o que aconteceu, então decide ir mais devagar. As horas vão passando e você vai sendo acometida por um leve desespero mas mesmo assim não deixa de lado suas pretensões e desejos. Você resolve dançar pra se distrair um pouco, mas não funciona. Seus pensamentos estão em outro lugar, não muito longe dali. Talvez você devesse dizer alguma coisa, o problema é que você já disse e também já fez tudo que podia. Não te resta outra alternativa então senão desistir. Pelo menos por essa noite. Chega a hora de se despedir. Vocês se abraçam e depois que se soltam, você pensa: "Droga, por que soltou tão rápido?" Aí ficam se olhando por um tempo. Um olhar que você não sabe explicar, mas que é diferente, hipnotizante, paralizante. Você sorri e diz: "Tchau" e vai embora. E não sabe nem explicar porque, mas aquele olhar valeu a noite. E enquanto espera o ônibus você lembra de uma das regras do auto controle: "Controle seu olhar de apaixonado, paixão é para fracos". Mas aí já é tarde demais pra lembrar disso e você continua sorrindo e pensa que ter saído de casa afinal, não foi tão ruim assim.