Tuesday, December 31, 2013

Amor Bandido - 2013

O início da temporada 2013 começou de forma totalmente previsível e sem sal, mas a verdade é que os roteiristas da série estavam preparando surpresas bombásticas para balançar o andamento do show. 
Tudo começou em fevereiro, quando a mocinha voltou a se encontrar com a razão de seu afeto - que como foi retratado na temporada anterior, só a fez sofrer e desejar sair correndo para as montanhas para se salvar do seu charme e dos seus olhos verdes. Bem da verdade, nossa heroína já tinha tentado se livrar desse ser inúmeras vezes, mas sempre acabava caindo no seu canto de sereia. 
Foi nessa vibe "te amo, mas você está me levando à loucura e eu preciso sair dessa valeta que me enfiei", que a novela foi para São Paulo e mostrou tomadas incríveis do Lollapalooza 2013. A audiência, bem como o coração da mocinha dispararam com o show do Queens of the Stone Age. 
Para elevar o nível e cativar o público, na semana seguinte, a produção levou o show para Europa e filmou em Madrid, Paris, Londres e Amsterdam. Momentos que foram, definitivamente, os melhores da vida da protagonista que vivia com o riso frouxo nos dias em questão. Foi nessa viagem que ela descobriu que não era possível se apaixonar apenas por pessoas, mas também por lugares e foi o que aconteceu com ela e a cidade de Madrid. Segundo a criadora do reality show, a moça ficou meses vivendo em função de uma paixão unilateral, então era natural que ao sair do seu hábitat natural ela se comportasse como alguém totalmente diferente - livre de amarras e de qualquer tipo de sentimento de amargura. Ela readquiriu o gosto pela vida e por aventuras. 
O público torceu para que essa felicidade plena permanecesse na vida de nossa protagonista, porque convenhamos, ela fica um pé no saco quando resolve se trancar dentro de casa e evitar o contato com outros seres humanos. Mas obviamente os roteiristas do programa tinham outros planos: assim que voltou a mocinha perdeu o emprego. Na mesma semana, quando foi entregar os mil presentes que havia comprado em sua viagem para a sua amada, ela tomou mais um golpe e teve que ouvir um: "estou ficando com outra pessoa." 
Os fãs do show pensaram: fodeu! Lá vai ela se afogar em um mar de cachaça, destruição e auto-piedade mais uma vez. Mas para surpresa geral da nação, não foi o que aconteceu. Segundo a crítica, "a protagonista está mais madura e humanizada. Ela sofre como todo mundo, mas está encontrando formas mais construtivas de lidar com essa dor e emaranhado de sentimentos horrorosos."  Foi assim que a moça decidiu cortar radicalmente laços com sua amada, começou a fazer yoga e acunpuntura, deu início a aulas de culinária com suas avós e também iniciou um caso de amor tórrido com Revenge, Parks and Recreation, seu Playstation 3 e com livros de auto-ajuda. Nesse ínterim  a protagonista também tomou uma das decisões mais importantes de sua vida: decidiu que iria passar um ano em Dublin. 
Não vamos mentir que o programa virou um monólogo e a audiência deu traço, pois a moça parou de sair e se dedicou exclusivamente ao tratamento de sua saúde mental, que estava totalmente fragilizada. Mas... Depois de um período de recolhimento ela voltou com tudo: arranjou novos amigos, passou a sair freneticamente, arrumou um novo emprego e teve um novo affair, que durou menos do que ela gostaria, mas que teve muito impacto em sua auto-estima e ajudou a derrubar alguns conceitos que ela levava consigo e já não faziam mais sentido. 
Mas essa calmaria durou pouco e para o público que esperava mais drama, choro e desgraça os acontecimentos seguintes foram um banquete para os olhos: ela e a razão de seu sofrimento voltaram a se falar, se encontraram e quando se deu por conta, lá estava ela mais uma vez apaixonada pelo ser egoísta que ela não queria nem ver mais pintado de ouro e que só a havia feito se maldizer e questionar suas escolhas amorosas. Do dia para noite as coisas viraram um espiral de auto-recriminação e vergonha, numa escalada de culpa e desespero. Foi quando a protagonista percebeu que sua vida amorosa havia se tornado um possível tema das canções do Raça Negra, que por sinal apareceu no programa e fez parte de um episódio que encheu os olhos da audiência. 
Com tantas dúvidas e incerteza quanto a permanência da razão do seu desafeto no reality show, rolou até uma votação com o público se a fulana deveria continuar no elenco fixo ou não. Obviamente ela perdeu a enquete, pois não há uma alma viva que acredite no romance entre as duas, nem mesmo a estrela da novela. Agora se o encosto vai voltar é uma questão que nem quem escreve o show sabe responder. 
Mas para que os achavam que mais nada importante poderia acontecer, os roteiristas se superaram e inseriram na trama um novo interesse romântico e esse sim, ganhou o público, pois estava fazendo um bem imenso para a protagonista. Só que tal romance estava datado, afinal todos sabem que a mocinha da novela estava com viagem marcada e não poderia se envolver emocionalmente com ninguém. Inclusive numa entrevista exclusiva com a protagonista nos bastidores quando questionada sobre o que ela espera de 2014 ela respondeu: “espero me dedicar ao trabalho e aos meus sonhos. Vou empregar a energia que gasto em relacionamentos em coisas mais produtivas. Resolvi o dilema - caso ou compro uma bicicleta? Vou comprar uma bicicleta e vou pedalar por Dublin inteira. Além disso, não quero e não tenho estrutura para me envolver com ninguém tão cedo. Quero cuidar e investir no meu maior patrimônio - eu mesma.” 
Esperamos que ela cumpra com as resoluções e vá atrás de sua felicidade. Se ela vai encontrar ou não, você confere aqui! Portanto, fique atento para mais notícias e não perca a próxima temporada de “Amor Bandido”, o único reality show/novela mexicana sem final feliz e transmitido 24 horas por dia.

Saturday, December 28, 2013

Amor Bandido - 2012

Chega ao final a temporada 2013 do seu reality show/novela mexicana favorito “Amor Bandido”. Mas para começar a falar de 2013 é necessário fazer um breve interlúdio sobre o que aconteceu na novela em 2012.
Como todos sabem a protagonista do show rompeu laços com sua amada e decidiu que era hora de fazer uma revolução pessoal em sua vida: decidiu parar de fumar, começou a ter aulas de violão, iniciou um curso de cinema, começou em um novo emprego, se matriculou em um curso de fotografia e começou a cuidar de seu lado espiritual. Além disso, o início de temporada aconteceu em uma viagem regada a muito álcool e pouca vergonha na cara para o Caribe e suas praias paradisíacas e, em seguida, emendou com o episódio do Lollapalooza 2012 em São Paulo. Nem precisa dizer que a audiência disparou nessas semanas, pois o que se viu foi um espetáculo de belas imagens, trilha sonora impecável, figurino de dar gosto, diálogos e situações nonsense - já familiares ao público, protagonistas completamente à vontade em seus papéis e total falta de preocupação com os bons costumes e com a moral.
Para não deixar a peteca cair, os roteiristas escreveram um dos episódios com o roteiro mais denso visto até hoje: todos achavam que a protagonista havia se recuperado do seu coração partido, mas ela - ainda apaixonadíssima, num momento de pouca lucidez e muita embriaguez, resolveu visitar a casa da ex-namorada de madrugada. O que ela pretendia nessa incursão? Ninguém sabe a resposta, nem ela. O show, que registrou um índice de audiência altíssimo, apesar de extremamente dramático e soturno, fez a mocinha colocar sua vida em perspectiva novamente e foi nessas que ela resolveu a largar da cachaça. 
A audiência e a crítica ficaram preocupados com os rumos do programa e muitos acreditaram que ele iria ser cancelado, afinal que diabos a protagonista iria fazer se havia parado de beber, de fumar e de foder? Mas foi nessa conjuntura sóbria que a novela ganhou dois novos personagens - que viraram os melhores amigos de nossa heroína - um novo interesse amoroso apareceu para aquecer o coração da mocinha e a queridinha do público - sua ex-namorada - reapareceu depois de sumir 6 meses sem deixar vestígios. 
A Galeria Lúdica, foi escolhida como nova locação e virou palco das investidas da protagonista em seu novo interesse amoroso. De quebra, as emoções entre a nossa heroína e sua ex se intensificaram resultando em cenas de conflito e declarações de amor. 
Apaixonada por uma, balançada por outra, porém ainda não satisfeita, a mocinha se viu interessada por uma terceira rapariga - essa do seu curso de cinema. Mas antes que os mais puritanos julguem tal comportamento, há de se convir que ela merecia um pouco de afeto, afinal a pobre coitada ficou meses num oásis de solidão e desolação. 
O problema foi que ao invés de aproveitar, ela, a partir daí, embarcou numa jornada de loucura, insensatez, escolhas duvidosas e falta de vergonha na cara - trocando em miúdos: ela se apaixonou perdidamente pela gata do curso de cinema. Das outras duas, para tristeza do público, ela nem quis mais saber.
Mas ela havia escolhido mal: infelizmente, não era amor, era cilada. Só que nossa heroína se viu tão envolvida e apaixonada que não conseguiu escapar das garras desse amor gostoso. O público, como era de se esperar, não aprovou a nova escolha amorosa da mocinha, pois já previam uma tragédia iminente, visto que a dita cuja estava apaixonada por outra pessoa. Apesar disso, o show teve ótimos momentos entre as duas, como, por exemplo, o episódio no hotel Ibis - que foi um dos mais marcantes de toda série - por motivos que não cabem aqui explanar devido à censura.  Em suma: o casal foi feliz por cerca de mais ou menos dois meses e depois foram só lágrimas, pelo menos por parte da nossa heroína com o dedo podre.
No final do ano as duas pararam de ficar e para gravar a season finale de 2012, a locação escolhida foi Curitiba. Foi um episódio sofrível e para se ter ideia do tédio, à uma da manhã a protagonista estava dormindo pesadamente em sua cama. Obviamente a crítica e os fãs meteram no pau no programa. Mas 2013 prometia algumas surpresas... 

Friday, December 27, 2013

Adeus ano velho

Há apenas 4 dias do final do ano uma questão veio a minha mente: o que eu posso fazer para que 2014 seja um ano extraordinário? A resposta, por mais complexa que seja a questão, é: fazer as pazes com o meu passado e tirar o máximo proveito dos meus erros para usá-los em prol do meu crescimento pessoal.
Não que tenha sido um ano ruim, pois nada catastrófico aconteceu, mas 2013 foi o ano de atar as pontas soltas do ano interior. Foi o ano de finalmente fazer as pazes com a ex. De reavaliar amizades. De superar - ou pelo menos tentar - o final infeliz do último romance. De perceber como é fácil julgar e dar pitaco na vida alheia. De se dar conta que o desapego quando praticado no momento errado, faz mais mal do que bem. De cair na real que tentar conquistar o amor de alguém que não se sente da mesma forma que você, nada mais é que um vício improdutivo. De perceber a importância de se exercitar e cuidar bem do corpo. De praticar a arte da gratidão e tentar ver as coisas de uma perspectiva positiva. De se dar conta que largar os béts na hora certa é uma atitude inteligente e não derrotista. De notar a importância de tentar ver algo além da aparência nas pessoas. De viver o presente. De perdoar. De aprender a mastigar devagar e beber um 1,5L de água por dia. De perceber que se colocar em primeiro lugar não é ser egoísta. De redescobrir o prazer de escrever para extravasar as mazelas que afligem meu coração. De praticar o relativismo suave e dar tempo ao tempo. De notar que o segredo é viver com menos e buscar o caminho do meio. De perceber como analisar e buscar sentido em tudo traz mais prejuízo do que benefícios. De lembrar da importância de respirar.
Foi um ano e tanto no tocante a descobertas sobre mim mesma, diria que foi uma espécie de jornada interior - com direito a surpresas agradáveis e outras nem tanto. Mas em 2014 quero jogar fora a cartilha de regras que pautam minha vida e me reinventar. Quero mais espontaneidade e freestyle. Quero reconhecer meus limites e não passar por cima deles. Quero ser mais coerente, firme e convicta com o que é melhor para mim. Quero parar de agir impulsivamente e me arrepender 5 minutos depois. Quero equilíbrio e um coração tranquilo pra tomar decisões inteligentes e não ser uma escrava das consequências. Quero simplificar e deixar de lado minha tendência para o drama. Quero viver o presente. E quero força e paciência para conseguir colocar tudo isso em prática.

Que venha 2014!

Wednesday, February 06, 2013

Silver linings playbook

Vi que um amigo deu check-in no GetGlue e perguntei se ele havia gostado do filme. A resposta dele não foi muito animadora, mas como eu já havia lido a sinopse e achado interessante, resolvi arriscar.
Tive a mesma impressão que ele: até mais ou menos os primeiros 45 minutos de filme estava pensando - que enredo foda, top bagarai! Mas, depois disso, bom, depois disso não vou contar o que acontece, mas a história resolveu seguir para o lado da comédia romântica. Enfim... 
Eu não vim aqui falar de questões técnicas do filme, como fotografia, figurino, edição, trilha sonora e atuações... Eu vim falar da mensagem ou pelo menos da minha interpretação dela. 
Para quem não sabe, o "silver lining" do título original vem do provérbio “every cloud has a silver lining” e a sua equivalência no português é algo como: tudo tem seu lado bom. Que mesmo depois de uma situação complicada, sempre vem a recompensa/algo positivo/aprendizado.
Fiquei com isso na cabeça, até porque o protagonista fala sobre otimismo e repete durante o filme inteiro a expressão.
Mas o que mais me identifiquei mesmo e a ficha só caiu hoje de manhã, foi como a história do personagem central era parecida - num certo nível - com a minha: terminei um namoro e fiquei um bom tempo na valeta. Normal. Eis que no início de 2012 decidi revolucionar minha vida - parei de fumar, parei de beber, viajei, arranjei um novo emprego, comecei a fazer vários cursos e me juntei a uma seita religiosa - ok, ok, esse último é mentira. Decidi que ia ser uma pessoa melhor - para mim e para os outros - e me refazer. Claro que no fundo, eu sempre carreguei comigo a esperança que por meio de todas essas mudanças eu conseguiria recuperar meu amor. Querendo ou não esse era meu combustível. Mas vocês sabem como a vida dá voltas inesperadas, não sabem? E o que aconteceu foi que ela me trouxe uma surpresa: um novo amor. Conclusão (sobre o filme e a minha história)? O segredo é manter-se em movimento. Dar uma chance para o inesperado. Estar disposto a fazer um pouco melhor hoje do que fizemos ontem - aceitando que somos imperfeitos e não se cobrando demais nesse processo.
Tem dias que eu sei que bate um desespero pavoroso. Um medo paralisante. Mas o importante é não deixar que esse medo se torne uma constante em sua vida. 
Faço aniversário em 05 dias e para mim o ano só "vira" depois que comemoramos nosso aniversário. Dessa forma, tenho uns dias aí para compilar as coisas que farão de 2013 um ano melhor.
Quem me conhece sabe que não sou do tipo otimista, bem pelo contrário... Então esse é um dos itens que entram na lista. 
O que eu desejo para mim é otimismo para enxergar o lado bom das coisas, força para mudar o que for necessário e serenidade e paciência para o que eu não puder mudar. 
Quero paz, cuidar melhor de mim, fazer tudo com mais calma, espalhar o amor por aí e ser feliz... Afinal, todo dia é dia de recomeçar.

Monday, June 18, 2012

Love, love will tear us apart, again

Esses tempos atrás, numa dessas conversas sem nexo de bêbados, um amigo me fez a seguinte pergunta: "Você acredita que vai ficar com alguém para sempre?" Confesso que fiquei sem saber o que responder na hora, pois nunca tinha analisado a questão profundamente. Mas verdade seja dita: sempre simpatizei com a ideia do "felizes para sempre". Isso claro, é resultado da lavagem cerebral que sofri ao longo da minha vida assistindo milhões de comédias românticas, novelas mexicanas e bobagens similares. 
Respondi para meu amigo que gostaria de acreditar, mas que sinceramente não me imaginava envelhecendo ao lado de alguém. Se você for pensar, realmente é um conceito lindo em teoria, mas no campo pragmático sinceramente acho que não funciona muito bem. Enfim, posto isso, ressalto que "o amor conquista tudo" também é uma ideia que sempre esteve enraizada em minha vida e que nunca enfraqueceu mesmo diante dos fracassos arrasadores e das reveses que sofri. Infelizmente sou uma pessoa visceral, passional e com uma certa queda para o melodrama. Já aceitei isso como um câncer que não pode ser expurgado e vive dentro de mim. 
Só que chega um belo dia que parece que a vida resolve te dar um tapa na cara e o roteirista decide reescrever o final da tua novela mexicana mas esquece de te avisar e você continua achando que vai ser feliz para sempre ao lado da sua amada. Só que não. 
Nesse dia você se dá conta que o amor que você sente e reza a lenda que é recíproco, não serve para nada, só para você alugar os ouvidos dos seus 27 amigos mais próximos pedindo insights e possíveis soluções para seu drama sentimental. Você também percebe que o amor não conquista porra nenhuma, e que a vida, meus caros, não sabe o que faz não. Porque se soubesse, ela não faria sempre tudo errado, como costuma fazer. 
Sinceramente, eu gostaria de ter um coração de teflon, mas como não tenho, insisto e não desisto. Se vocês realmente querem um bom conselho sobre o amor é: sejam egoístas. Isso mesmo. Foda-se o amor. Se coloquem sempre em primeiro lugar e esqueçam essa merda de história de ser feliz para sempre porque isso vai te tornar miseravelmente infeliz. 
No final das contas, o negócio é não criar expectativas irreais no que diz respeito aos relacionamentos da vida real. E aqui vai uma dica de Arthur Schopenhauer para suas relações amorosas: se não deu certo, e provavelmente não vai dar em algum momento, parta para outra sem culpa. Vai dizer, esse cara sim deveria ser roteirista em Hollywood...

Saturday, May 05, 2012

Little miss obsessive - Parte II

Como eu já confidenciei nesse blog certa vez, outro hábito que tenho é de SEMPRE assistir um filme até o final, independentemente de quão ruim seja a película. Isso acontece por dois motivos: 1) porque eu não eu não consigo deixar coisas inacabadas 2) porque eu fico imaginando que alguém possa vir a perguntar do filme em questão e eu tenha de responder: "desisti de ver", voltando novamente ao item 1. 
No quesito higiene pessoal e organização, minhas manias até que são saudáveis, eu acho - pelo menos se comparadas as neuroses que a Monica do Friends tinha. Eu, por exemplo, tenho o hábito de lavar as mãos umas 50x por dia e passar o fio dental nos dentes sempre depois de comer qualquer coisa quer seja. Quanto à organização, ela só diz respeito aos meus pertences. Gosto de achar as coisas com facilidade, por isso cada objeto no meu quarto tem o seu devido espaço e ai que de quem tire esse item do seu lugar! Ainda na vertente organização eu tenho um padrão de nomenclatura de arquivos no meu computador e nada, mas absolutamente nada pode ficar fora de padrão. Só de pensar em arquivos com nomes tipo abfjvaefy, mnvdsjhv ou qualquer coisa do gênero, tenho 3 tipos de chilique. 
Bom, quem me conhece sabe que não saio de casa sem duas coisas: óculos escuros e minha bolsa. Isso, claro, tem um bom motivo: claridade é uma das coisas que mais me irrita no universo, então sair sem óculos escuros está fora de cogitação, independente da estação do ano. Sobre a bolsa, carrego-a sempre comigo pelo simples fato que uso lentes de contato, então sempre é bom ter soro fisiológico caso role algum ressecamento ou a lente resolva pular do seu olho em plena balada (true story). E não, eu não vou nem até a esquina sem meu amado soro e meu estojinho de lentes. Vai que... Com relação as lentes de contato, tenho um outro hábito bem peculiar: olhar 18x o estojo de lentes antes de deitar. E eu explico a razão: certa vez cheguei em casa daqueeeeele jeito e achei que tinha retirado e guardado as lentes eu seu devido lugar. Achei. No dia seguinte acordei com aquele gosto de cabo de guarda chuva na boca e dei por falta de uma das lentes, que posteriormente achei em cima da minha cama toda cagada e ressecada. Desde então confiro os potinhos com muita atenção, afinal a porra da lente custa 300 mangos o par. 
Não sei se classificaria minha pontualidade como obsessiva, mas que eu faço questão de sempre chegar nos locais com antecedência e que eu ODEIO que me façam esperar, não tenham nem dúvida caros leitores. Também não gosto de deixar nada para a última hora e isso inclui trabalhos acadêmicos, comprar ingressos de shows ou qualquer outra coisa que possa ser resolvida antecipadamente. Aquele lance de “deixe para amanhã o que você pode fazer hoje” nunca colou comigo. 
Outra mania pra lá de peculiar que tenho é falar sozinha. Seja num monólogo franco e aberto sobre falhas de caráter, problemas a serem resolvidos, assim como em simples constatações da realidade faladas num tom amigável de conversa de bar comigo mesma. Ok, agora acho que começou a ficar estranho, não? E se eu disser que não consigo arrancar nenhuma folha de qualquer um dos meus cadernos por ficar com o pensamento: "agora o caderno não tem mais 100 folhas, tem 99", melhora? Não? Pois é... Sou levemente neurótica mesmo. Ao ponto inclusive de odiar que escrevam nas minhas revistas e apostilas. Gostos de pensar que minhas coisas são lindas e imaculadas. Mas tudo bem, vou pegar leve nesse próximo item.
Meu nome é Bruna, tenho 25 anos e tenho TOC com erros de português - por isso leio algo pelo menos umas 25x antes de enviar/postar. Quando vejo uma pessoa escrevendo errado, meu estômago revira, ainda mais se por acaso eu estiver trocando algum tipo de fluído com esse ser. Se eu, vamos dizer, posto algo no Twitter escrito gramaticalmente ou ortograficamente errado, eu apago o post e escrevo novamente. Simplesmente não dá para deixar para lá, é mais forte que eu. 
Por fim, mas não menos importante, tenho hábito de anotar tudo (incluindo nomes de músicas, quotes, endereços, to do lists, nome de filmes, epifanias, insights, nomes de livros, horários, programações) em virtude da minha péssima memória. Se eu não anotar, eu esqueço. Simples, assim. Na verdade, é por causa dessa minha memória horrorosa que eu tenho a constante impressão que sempre estou esquecendo de algo assim que ponho o pé para fora de casa. 
Se você chegou ao final do texto, deve ter percebido que as minhas manias sempre estão associadas a algo catastrófico que provavelmente não vai acontecer. Sim, eu sou uma criatura preparada para a tragédia e destruição. É algo inerente ao meu ser eu diria. Diria também que tenho um certo apego a bens materiais. E falando assim pode parecer que não sou uma pessoa normal, e provavelmente não seja mesmo. Mas como diria nossa querida Xuxa Meneghel "É O MEU JEITINHO!", oras. 

P.S. 01 Também tenho mania de dormir sempre do mesmo lado da cama. 
P.S. 02 Preciso me tratar, eu sei.

Thursday, May 03, 2012

Ela partiu

O mês era novembro, a estação Outono, a locação Copacabana, Rio de Janeiro. Acordou no quarto do hotel com a sensação que algo estava errado, mas mesmo assim se banhou, vestiu uma camisa social azul e jeans, calçou seu All Star preto e desceu para tomar café da manhã. Em seguida, pegou um táxi e foi participar da coletiva de imprensa para a qual fora enviada para cobrir.
O evento transcorreu sem grandes acontecimentos, exceto pelo fato do wi-fi não ter funcionado e o 3G ter deixado a desejar. Colocando em miúdos: fazer uma cobertura da coletiva via Twitter e Facebook era praticamente um desafio à altura das peripécias do MacGyver, mas no final deu tudo certo.
Depois disso, por volta das 13:30 ela foi almoçar num restaurante em Ipanema junto com sua chefe, duas colegas de trabalho e claro, aquela sensação incômoda e angustiante que lhe acompanhava desde o momento que abriu os olhos pela manhã.
Enquanto esperava pela salada que havia pedido, sua chefe lhe perguntou como andava sua vida pessoal, ao passo que a moça confidenciou que passava dificuldades no namoro, mas que agora estava tudo se encaminhando. Mal ela sabia que tudo estava se encaminhando mesmo. Para o buraco. Sua chefe fez uma pergunta que ela recorda até hoje: "qual das duas é a mais madura no relacionamento?". Na hora ela não soube o que dizer, mas hoje entende que a resposta certa era "nenhuma das duas", infelizmente.

Conversavam sobre amenidades na mesa, ao passo que aquele pressentimento que algo ruim iria acontecer tomava conta de seu ser. Foi então, no exato momento em que a rádio começou a tocar "Ela Partiu" do Tim Maia, que a moça descobriu qual era a razão daquela aflição que não conseguia parar de sentir. "Ela vai terminar comigo", constatou.
Passou o resto da tarde com pensamentos tóxicos na cabeça. Imaginando como seria sua nova vida de solteira. Para quem ela ligaria para contar sobre seu dia. Quem ficaria com o cachorro recém adquirido na partilha de bens nesse "divórcio" eminente. Se choraria por dias a fio como tinha feito nos outros términos. Se voltaria a ser amada por alguém algum dia.
Já em pleno voo voltando para sua cidade, lembrou daquele lance do avião que leu num blog certa vez e dizia que para ter certeza se você está afim de alguém, basta passar por uma turbulência. Se nesse momento de pânico, você pensar na pessoa é porque gosta dela. Nisso ela se deu conta que não precisava de uma turbulência para saber se realmente amava aquela garota, pois ela amava. Mas o pensamento que afligia seu âmago era: "que diabos vou fazer quando chegar em Curitiba e levar um pé na bunda?". Nessas alturas do campeonato seu desespero e inquietação já eram visíveis.
Chegando em Curitiba, pegou um táxi para a casa de sua amada e ao descer do carro e olhar para o semblante dela, que lhe esperava na porta do prédio, a moça teve somente uma certeza: ELA DEFINITIVAMENTE VAI TERMINAR COMIGO! Bem, nem é preciso dizer que elas realmente romperam. Diferenças irreconciliáveis, dizem por aí. A ex pediu duas coisas antes de se despedir e ir embora: "não me procure mais e não escreva a meu respeito no seu blog".
O engraçado é que a moça nunca foi do tipo que gostava de parcelar as compras, então era muito estranho que tivesse insistido nessa relação cheia de vaivéns e levado um chute na bunda em 5 parcelas, mas enfim... Ainda meio aturdida, passou no posto de gasolina na esquina da casa de sua recém ex-namorada e comprou 3 garrafas de Sol Mexicana. Chegou em casa, acendeu um cigarro e foi tomada por uma sensação de tranquilidade com um pensamento idiota na cabeça: "ok, eu já sabia que isso iria acontecer mesmo, não foi nenhuma surpresa como da primeira vez."
Obviamente, no dia seguinte ela acordou se sentindo um lixo e nos dias subsequentes também. Os meses que se sucederam podem ser resumidos mais ou menos como aquela música do David Guetta: "party, and party and party and party.". Claro que tanto álcool, festas e tentativa de omissão e de ser superior aos seus verdadeiros sentimentos não deram muito certo. Passado um pouco mais de um mês do término a moça não resistiu e mandou uma mensagem contando que havia encontrado para comprar no shopping a cerveja que ela e sua ex-cônjuge procuraram por Curitiba inteira. Não recebeu nenhuma resposta.
E assim ela continuou com a sua vida. Veio o ano novo e aqueles sentimentos arrebatadores voltaram novamente e a moça mais uma vez não resistiu e enviou um "inocente" SMS em janeiro desejando um feliz ano novo e várias coisas boas em 2012 para sua ex. Mais uma vez foi ignorada.
Nesse ínterim, a moça startou novos projetos pessoais e voltou a ficar com uma garota que havia conhecido no final do ano. Claro que mais uma vez ela não pôde deixar de pensar: "agora vou ser feliz pra sempre de novo". Só que não. Em meados de fevereiro a moça assistiu a um filme e lembrou-se da sua ex e não deixou passar a oportunidade de atazaná-la. Enviou um torpedo dizendo que o tal filme havia feito ela se lembrar das duas. Não teve nenhum retorno novamente.
Obviamente esse novo romance da moça estava fadado ao fracasso desde o princípio, mas ela não quis acreditar até o inevitável acontecer mais uma vez. E o inevitável aconteceu na segunda quinzena de abril. Como julgava que não tinha mais nada a perder mesmo, ela tentou ligar para a casa da ex para ver se ela estava por lá, mas aparentemente o telefone havia sido desligado. Não tendo opção, tentou telefonar diretamente no celular da pessoa. Caiu na caixa postal. 

Desiludida da vida com seus insucessos saiu para encher a cara e tomou uma das decisões mais imbecis que já teve em toda a sua vida: resolveu aparecer de madrugada na casa da ex. Pensou: "o que pode ser mais agradável que uma visita super oportuna na calada da noite, de uma ex totalmente embriagada?". Bem, na verdade se ela tivesse pensando dessa forma, teria ido para casa ao invés de importunar a coitada de madrugada. Felizmente o que poderia ter terminado numa ordem de restrição, terminou com um "ela não mora mais aqui" por parte do porteiro do prédio.
A ex havia se mudado e trocado o número do celular. "Ela realmente foi embora", pensou. Voltou então para casa com um rabo invisível entre as pernas, colocou a música do Tim Maia, chorou até desidratar e fez uma promessa para ela mesma: vou ficar um mês sem beber depois dessa bad trip.