Saturday, May 05, 2012

Little miss obsessive - Parte II

Como eu já confidenciei nesse blog certa vez, outro hábito que tenho é de SEMPRE assistir um filme até o final, independentemente de quão ruim seja a película. Isso acontece por dois motivos: 1) porque eu não eu não consigo deixar coisas inacabadas 2) porque eu fico imaginando que alguém possa vir a perguntar do filme em questão e eu tenha de responder: "desisti de ver", voltando novamente ao item 1. 
No quesito higiene pessoal e organização, minhas manias até que são saudáveis, eu acho - pelo menos se comparadas as neuroses que a Monica do Friends tinha. Eu, por exemplo, tenho o hábito de lavar as mãos umas 50x por dia e passar o fio dental nos dentes sempre depois de comer qualquer coisa quer seja. Quanto à organização, ela só diz respeito aos meus pertences. Gosto de achar as coisas com facilidade, por isso cada objeto no meu quarto tem o seu devido espaço e ai que de quem tire esse item do seu lugar! Ainda na vertente organização eu tenho um padrão de nomenclatura de arquivos no meu computador e nada, mas absolutamente nada pode ficar fora de padrão. Só de pensar em arquivos com nomes tipo abfjvaefy, mnvdsjhv ou qualquer coisa do gênero, tenho 3 tipos de chilique. 
Bom, quem me conhece sabe que não saio de casa sem duas coisas: óculos escuros e minha bolsa. Isso, claro, tem um bom motivo: claridade é uma das coisas que mais me irrita no universo, então sair sem óculos escuros está fora de cogitação, independente da estação do ano. Sobre a bolsa, carrego-a sempre comigo pelo simples fato que uso lentes de contato, então sempre é bom ter soro fisiológico caso role algum ressecamento ou a lente resolva pular do seu olho em plena balada (true story). E não, eu não vou nem até a esquina sem meu amado soro e meu estojinho de lentes. Vai que... Com relação as lentes de contato, tenho um outro hábito bem peculiar: olhar 18x o estojo de lentes antes de deitar. E eu explico a razão: certa vez cheguei em casa daqueeeeele jeito e achei que tinha retirado e guardado as lentes eu seu devido lugar. Achei. No dia seguinte acordei com aquele gosto de cabo de guarda chuva na boca e dei por falta de uma das lentes, que posteriormente achei em cima da minha cama toda cagada e ressecada. Desde então confiro os potinhos com muita atenção, afinal a porra da lente custa 300 mangos o par. 
Não sei se classificaria minha pontualidade como obsessiva, mas que eu faço questão de sempre chegar nos locais com antecedência e que eu ODEIO que me façam esperar, não tenham nem dúvida caros leitores. Também não gosto de deixar nada para a última hora e isso inclui trabalhos acadêmicos, comprar ingressos de shows ou qualquer outra coisa que possa ser resolvida antecipadamente. Aquele lance de “deixe para amanhã o que você pode fazer hoje” nunca colou comigo. 
Outra mania pra lá de peculiar que tenho é falar sozinha. Seja num monólogo franco e aberto sobre falhas de caráter, problemas a serem resolvidos, assim como em simples constatações da realidade faladas num tom amigável de conversa de bar comigo mesma. Ok, agora acho que começou a ficar estranho, não? E se eu disser que não consigo arrancar nenhuma folha de qualquer um dos meus cadernos por ficar com o pensamento: "agora o caderno não tem mais 100 folhas, tem 99", melhora? Não? Pois é... Sou levemente neurótica mesmo. Ao ponto inclusive de odiar que escrevam nas minhas revistas e apostilas. Gostos de pensar que minhas coisas são lindas e imaculadas. Mas tudo bem, vou pegar leve nesse próximo item.
Meu nome é Bruna, tenho 25 anos e tenho TOC com erros de português - por isso leio algo pelo menos umas 25x antes de enviar/postar. Quando vejo uma pessoa escrevendo errado, meu estômago revira, ainda mais se por acaso eu estiver trocando algum tipo de fluído com esse ser. Se eu, vamos dizer, posto algo no Twitter escrito gramaticalmente ou ortograficamente errado, eu apago o post e escrevo novamente. Simplesmente não dá para deixar para lá, é mais forte que eu. 
Por fim, mas não menos importante, tenho hábito de anotar tudo (incluindo nomes de músicas, quotes, endereços, to do lists, nome de filmes, epifanias, insights, nomes de livros, horários, programações) em virtude da minha péssima memória. Se eu não anotar, eu esqueço. Simples, assim. Na verdade, é por causa dessa minha memória horrorosa que eu tenho a constante impressão que sempre estou esquecendo de algo assim que ponho o pé para fora de casa. 
Se você chegou ao final do texto, deve ter percebido que as minhas manias sempre estão associadas a algo catastrófico que provavelmente não vai acontecer. Sim, eu sou uma criatura preparada para a tragédia e destruição. É algo inerente ao meu ser eu diria. Diria também que tenho um certo apego a bens materiais. E falando assim pode parecer que não sou uma pessoa normal, e provavelmente não seja mesmo. Mas como diria nossa querida Xuxa Meneghel "É O MEU JEITINHO!", oras. 

P.S. 01 Também tenho mania de dormir sempre do mesmo lado da cama. 
P.S. 02 Preciso me tratar, eu sei.

Thursday, May 03, 2012

Ela partiu

O mês era novembro, a estação Outono, a locação Copacabana, Rio de Janeiro. Acordou no quarto do hotel com a sensação que algo estava errado, mas mesmo assim se banhou, vestiu uma camisa social azul e jeans, calçou seu All Star preto e desceu para tomar café da manhã. Em seguida, pegou um táxi e foi participar da coletiva de imprensa para a qual fora enviada para cobrir.
O evento transcorreu sem grandes acontecimentos, exceto pelo fato do wi-fi não ter funcionado e o 3G ter deixado a desejar. Colocando em miúdos: fazer uma cobertura da coletiva via Twitter e Facebook era praticamente um desafio à altura das peripécias do MacGyver, mas no final deu tudo certo.
Depois disso, por volta das 13:30 ela foi almoçar num restaurante em Ipanema junto com sua chefe, duas colegas de trabalho e claro, aquela sensação incômoda e angustiante que lhe acompanhava desde o momento que abriu os olhos pela manhã.
Enquanto esperava pela salada que havia pedido, sua chefe lhe perguntou como andava sua vida pessoal, ao passo que a moça confidenciou que passava dificuldades no namoro, mas que agora estava tudo se encaminhando. Mal ela sabia que tudo estava se encaminhando mesmo. Para o buraco. Sua chefe fez uma pergunta que ela recorda até hoje: "qual das duas é a mais madura no relacionamento?". Na hora ela não soube o que dizer, mas hoje entende que a resposta certa era "nenhuma das duas", infelizmente.

Conversavam sobre amenidades na mesa, ao passo que aquele pressentimento que algo ruim iria acontecer tomava conta de seu ser. Foi então, no exato momento em que a rádio começou a tocar "Ela Partiu" do Tim Maia, que a moça descobriu qual era a razão daquela aflição que não conseguia parar de sentir. "Ela vai terminar comigo", constatou.
Passou o resto da tarde com pensamentos tóxicos na cabeça. Imaginando como seria sua nova vida de solteira. Para quem ela ligaria para contar sobre seu dia. Quem ficaria com o cachorro recém adquirido na partilha de bens nesse "divórcio" eminente. Se choraria por dias a fio como tinha feito nos outros términos. Se voltaria a ser amada por alguém algum dia.
Já em pleno voo voltando para sua cidade, lembrou daquele lance do avião que leu num blog certa vez e dizia que para ter certeza se você está afim de alguém, basta passar por uma turbulência. Se nesse momento de pânico, você pensar na pessoa é porque gosta dela. Nisso ela se deu conta que não precisava de uma turbulência para saber se realmente amava aquela garota, pois ela amava. Mas o pensamento que afligia seu âmago era: "que diabos vou fazer quando chegar em Curitiba e levar um pé na bunda?". Nessas alturas do campeonato seu desespero e inquietação já eram visíveis.
Chegando em Curitiba, pegou um táxi para a casa de sua amada e ao descer do carro e olhar para o semblante dela, que lhe esperava na porta do prédio, a moça teve somente uma certeza: ELA DEFINITIVAMENTE VAI TERMINAR COMIGO! Bem, nem é preciso dizer que elas realmente romperam. Diferenças irreconciliáveis, dizem por aí. A ex pediu duas coisas antes de se despedir e ir embora: "não me procure mais e não escreva a meu respeito no seu blog".
O engraçado é que a moça nunca foi do tipo que gostava de parcelar as compras, então era muito estranho que tivesse insistido nessa relação cheia de vaivéns e levado um chute na bunda em 5 parcelas, mas enfim... Ainda meio aturdida, passou no posto de gasolina na esquina da casa de sua recém ex-namorada e comprou 3 garrafas de Sol Mexicana. Chegou em casa, acendeu um cigarro e foi tomada por uma sensação de tranquilidade com um pensamento idiota na cabeça: "ok, eu já sabia que isso iria acontecer mesmo, não foi nenhuma surpresa como da primeira vez."
Obviamente, no dia seguinte ela acordou se sentindo um lixo e nos dias subsequentes também. Os meses que se sucederam podem ser resumidos mais ou menos como aquela música do David Guetta: "party, and party and party and party.". Claro que tanto álcool, festas e tentativa de omissão e de ser superior aos seus verdadeiros sentimentos não deram muito certo. Passado um pouco mais de um mês do término a moça não resistiu e mandou uma mensagem contando que havia encontrado para comprar no shopping a cerveja que ela e sua ex-cônjuge procuraram por Curitiba inteira. Não recebeu nenhuma resposta.
E assim ela continuou com a sua vida. Veio o ano novo e aqueles sentimentos arrebatadores voltaram novamente e a moça mais uma vez não resistiu e enviou um "inocente" SMS em janeiro desejando um feliz ano novo e várias coisas boas em 2012 para sua ex. Mais uma vez foi ignorada.
Nesse ínterim, a moça startou novos projetos pessoais e voltou a ficar com uma garota que havia conhecido no final do ano. Claro que mais uma vez ela não pôde deixar de pensar: "agora vou ser feliz pra sempre de novo". Só que não. Em meados de fevereiro a moça assistiu a um filme e lembrou-se da sua ex e não deixou passar a oportunidade de atazaná-la. Enviou um torpedo dizendo que o tal filme havia feito ela se lembrar das duas. Não teve nenhum retorno novamente.
Obviamente esse novo romance da moça estava fadado ao fracasso desde o princípio, mas ela não quis acreditar até o inevitável acontecer mais uma vez. E o inevitável aconteceu na segunda quinzena de abril. Como julgava que não tinha mais nada a perder mesmo, ela tentou ligar para a casa da ex para ver se ela estava por lá, mas aparentemente o telefone havia sido desligado. Não tendo opção, tentou telefonar diretamente no celular da pessoa. Caiu na caixa postal. 

Desiludida da vida com seus insucessos saiu para encher a cara e tomou uma das decisões mais imbecis que já teve em toda a sua vida: resolveu aparecer de madrugada na casa da ex. Pensou: "o que pode ser mais agradável que uma visita super oportuna na calada da noite, de uma ex totalmente embriagada?". Bem, na verdade se ela tivesse pensando dessa forma, teria ido para casa ao invés de importunar a coitada de madrugada. Felizmente o que poderia ter terminado numa ordem de restrição, terminou com um "ela não mora mais aqui" por parte do porteiro do prédio.
A ex havia se mudado e trocado o número do celular. "Ela realmente foi embora", pensou. Voltou então para casa com um rabo invisível entre as pernas, colocou a música do Tim Maia, chorou até desidratar e fez uma promessa para ela mesma: vou ficar um mês sem beber depois dessa bad trip.

Wednesday, May 02, 2012

Little miss obsessive - Parte I

Essa semana estava navegando como quem não quer nada por aí nos meus sites favoritos e acabei encontrando um teste para obsessivos compulsivos fazerem. A premissa da brincadeira era procurar erros numa determinada imagem e verificar o resultado que variava entre observador e WTF. Meu teste me caracterizou apenas como uma pessoa perfeccionista. "Menos mal", pensei comigo mesma, mas refletindo mais profundamente sobre a questão TOC's, comecei a enumerar as manias e hábitos que tenho e o saldo final na verdade foi meio assustador. 
Eu, por exemplo, tenho mania de SEMPRE voltar para conferir se tranquei a porta de casa ao sair ou se liguei o alarme do carro, fechei os vidros e desliguei os faróis do mesmo. Geralmente, esse retorno para fazer a conferência ocorre quando já estou há umas duas quadras do local de origem, mas não interessa porque eu sempre acabo voltando por não conseguir conceber a possibilidade de ter deixado a porta destrancada. Enquanto eu não regresso para me certificar que tudo está devidamente trancado, aquela ideia de alguém entrar na minha casa ou roubar meu carro fica martelando na minha cabeça e eu não tenho paz espiritual. Na real, isso só acontece pelo simples fato de eu não prestar atenção no que estou fazendo e sempre estar pensando em várias coisas ao mesmo tempo. Alguns chamam isso de ansiedade, mas sobre esse assunto falarei com meu terapeuta num momento oportuno. Enfim... 
Outra mania que tenho é de não arrancar a película de plástico de eletrônicos ou qualquer outro produto novo com medo de estragar ou riscar o objeto. Aliás, eu até arranco, mas depois de ter usado várias vezes e ter perdido um pouco do apego pelo bem. Esses dias comprei um relógio novo e fiquei usando-o umas duas semanas com a película por cima para não riscá-lo. Só tirei o plástico porque ele começou a descolar, senão provavelmente estaria usando a dita película até hoje. Lembrando que eu também faço isso com etiquetas de roupas novas. Caaaaaalma, deixa eu explicar! Eu não fico usando roupa com etiqueta, mas não a arranco enquanto não for usar a roupa pela primeira vez porque tenho uma paranoia de sei lá, ter vontade de trocar a roupa e não poder por ter arrancado a etiqueta. Vai entender né... 
Bem, garanto que o próximo item da lista muita gente deve fazer igual: salvar arquivos de 30 em 30 segundos no computador (principalmente no Word). Ok, provavelmente as pessoas até salvem os arquivos com certa frequência, mas não compulsivamente como eu faço. E não é que eu já tenha perdido algum documento porque o pc travou ou a luz acabou, mas só de pensar nessa hipótese, entro em pânico e por isso procuro ficar um passo a frente da tragédia eminente ou não tão eminente assim. Vale lembrar que também tenho esse maravilhoso hábito quando jogo videogame, pois morro de medo do PS3 travar e eu perder todo o meu progresso. 
Eu tinha um amigo que só escutava música em volumes de número par no carro e desde que conheci essa criatura, percebi que as pessoas têm hábitos peculiares no tocante ao seu automóvel. E eu não sou diferente. A minha mania é sempre encher o tanque toda vez que ele chega no quarto final de gasolina. Isso porque morro de medo de ficar sem combustível no meio do nada. Ainda com relação ao meu carro, tenho outros dois hábitos que estão meio interligados: fazer exatamente sempre o mesmo caminho quando vou para determinado lugar. Quando digo o mesmo caminho, quero dizer que dirijo até na mesma pista sempre. E falando em pista, eu tenho a mania de não trocar de faixa. Ou seja: se eu tenho que virar a direita 28 quarteirões à frente a probabilidade que eu fique na pista da direita todo esse tempo é de 99,1%. Mas pelo menos esse hábito, tem uma explicação bem plausível: curitibanos são mega mal educados no trânsito e não dão passagem para ninguém, então ficar na faixa certa é evitar que você perca sua conversão no futuro.