Monday, January 21, 2008

Vira o disco, porra!

Quando você decide parar de sair contando tudo da sua vida por aí, você sente que evoluiu espiritualmente, se tornou uma pessoa mais sábia. Mas na verdade você só decidiu ficar quieta porque sabia que as pessoas iam meter o pau se soubessem o que você andava fazendo por aí nesses dias de ausência. Mas chega uma hora que não dá mais pra agüentar e você decide romper o silêncio. As pessoas precisam saber em que mar de lama você se meteu dessa vez. E você também precisa ouvir palavras de afeto e consolo dos seus amigos. Então você reclama. Reclama muito mesmo. No meio da rua, às 3 da manhã. E você não tá nem aí se tá fazendo um escândalo, gritando, esperneando e acordando as pessoas porque você precisa colocar tudo pra fora. Você passou do seu limite, aliás passou tanto do limite que já nem sabe mais onde ele costumava ficar. E convenhamos que escutar demais e falar de menos não combina com você.
Naquela noite você dorme aliviada, parecendo ter tirado um peso de seus ombros. Um peso que você mesma decidiu carregar e está ciente disso porque agora você virou uma adepta fervorosa do carma e sabe que tudo que aconteceu foi culpa sua mesmo. Tem malditas horas nas nossas vidas que a gente resolve se auto-punir. Uma espécie de pagamento de pecados com juros e correção monetária. E assim os dias vão passando, com você reclamando e seus amigos pacientemente ouvindo. Coitados. Mas esses amigos foram eleitos por você como pessoas que você pode contar tudo. Eles te amam e precisam te aturar. Mas até você cansa de você mesma uma hora. Então decide deixar essa história pra lá. Você finalmente vira o disco e resolve tocar ritmos menos perigosos. O travesseiro é seu melhor amigo nesses dias. E se tem uma coisa que realmente irrita são noites em claro por causa da bendita insônia. É um saco você ser privada de uma das coisas que mais gosta de fazer, não?
Eis que você percebe que atingiu a 3ª idade com 20 anos porque sua vida se baseia em comer, dormir e ver televisão. Em determinado momento você se pega assistindo Anaconda 2 (como se o primeiro já não tivesse sido ruim o suficiente). Para você isso tem alguma coisa de assustador. Será que você realmente chegou ao fundo do poço? Seria o principio do fim? Melhor nem pensar muito sobre esse assunto. Como dizem, “depois da tormenta vem a calmaria”. Sei lá, deve ser uma mistura de inferno astral, crise existencial, bloqueio criativo, bagunça mental e tédio. Ok. Você queria paz, tá reclamando do que agora? Da rotina enfadonha e do marasmo? Pois é meu bem, ter que virar o disco é um saco mesmo.