Wednesday, March 11, 2009

Desgraça pouca é bobagem

"Na verdade tenho medo do que possa acontecer ao longo do dia, tendo em vista que ele já começou péssimo." Eu e a minha boca grande. Claro que a minha manhã trash foi só um prenúncio da desgraceira que viria a seguir.
Fui almoçar e encher a pança acabou me acalmando. Falar mal da vizinhança pra minha mãe e para minha tia também ajudou a expurgar o ódio do meu coraçãozinho. Tomei banho e estava lá toda bonitona fazendo uma espécie de teste pra concorrer a uma vaga de estágio. Eram 24 perguntas e eu devia estar na 21ª quando o PC simplesmente desligou do nada. Quase nem fiquei puta. Mas como já estava na hora de sair porque eu tinha dentista, acabei largando os béts de responder as perguntas, o que me deixou meio incomodada, porque detesto deixar coisas inacabadas (sim, eu sou uma mala sem alça).
Quando botei o pé pra fora de casa chovia torrencialmente, mas resolvi encarar. Que mal podia fazer uma chuvinha? É só água pensei comigo mesma. Ledo engano. As 5 quadras que percorri pra chegar no tubo do ônibus foram as mais longas da minha vida. E eu não cheguei no tubo molhada. Cheguei ensopada. Juro que até minha calcinha estava molhada, mas já que tinha conseguido chegar lá não ia me entregar tão fácil assim. E olha que passou pela minha cabeça inúmeras vezes abortar o dentista e deixá-lo pra um dia menos tempestuoso. Mas como sou teimosa pra caralho não desisti.
Eis que me dei conta que tinha esquecido no bolso da minha camisa (que troquei minutos antes de sair de casa) duas coisas sem as quais eu não poderia sair: O endereço do dentista e uma listinha de compras pra minha mãe. E toca eu voltar pra casa. E levando em conta que eu já estava fudida e atrasada mesmo, resolvi me trocar e coloquei um traje que julguei ser o mais adequado para se sair num dia de chuva: bermuda e chinelo. Além disso, peguei um guarda-chuva maior pra me proteger. Óbvio que quando saí de casa novamente a chuva tinha cessado e até ameaçava sair um solzinho. Nesse momento o desespero tomou conta e as 5 quadras seguintes foram uma luta interna pra não cair em prantos no meio da rua. Eu simplesmente não conseguia me acreditar em como podia rolar tanta merda num espaço tão curto de tempo.
No momento que achei que tinha me recomposto avistei de dentro do ônibus, passando com seu carro toda bela e formosa “aquela-que-não-deve-ser-nomeada”. Fiquei mal sim e nem vou tentar dar uma de superior. Porra! Podia ter aparecido em qualquer outro dia. Num dia que eu estivesse menos injuriada, de preferência. Mas nãããããão. Tinha que aparecer no dia que eu estava um caco. Me segurando pra não ter um ataque, correr pra casa e nunca mais sair de lá (ou pelo menos até o horário da aula).
Desci do ônibus louca pra fumar um cigarro, mas nem isso eu podia porque ia fazer limpeza nos dentes e não podia chegar com um bafão de cigarro no dentista. Que foi o único lugar onde alguma coisa finalmente deu certo, diga-se de passagem. Rápido e indolor. Ufa! Chegando na faculdade meus colegas estranharam o traje veranesco e até comentaram que não me imaginavam usando chinelos. Mas é óbvio que eu uso chinelo, gente. Ou vocês acham que eu ando de galocha em casa? Se bem que depois de hoje, comprar um par de galochas me pareceu uma idéia bem interessante. Mas enfim...
Cheguei viva em casa e isso me deixa até meio admirada porque com o andar da carruagem eu não ficaria surpresa se tivesse sido atropelada ou uma árvore tivesse caído na minha cabeça. Mas diante de todos esses infortúnios uma coisa eu confirmo: Se você acha que está ruim, cuidado porque pode piorar e muito! Portanto, evite perguntas do tipo: “Oh, céus! Que mais falta me acontecer hoje?” Porque realmente podem acontecer coisas ainda mais catastróficas.

P.S. Meu único consolo é que amanhã não preciso ir pra aula. Quem sabe se eu não tirar o nariz pra fora de casa não aconteça nada de errado...