Thursday, May 21, 2009

Vamos nos permitir

É engraçado como uma frase aparentemente tão do bem pode te levar a lugares que você nem imagina. Você está lá no bar bebendo uma cervejinha e de repente, quando se dá conta, está à beira-mar segurando um vinho barato vendo o sol nascer. Tá, ok. Não foi tão do nada assim.
Lembro-me que nem ia sair naquela sexta-feira, mas como de costume, uma força maior não me permitiu ficar em casa. A idéia, a princípio, era tomar umas cervejas no Café do Teatro e depois esticar para o Wonka. Programinha super do bem, ou ao menos eu imaginava que seria.
Porém, depois de vááááárias cervejas, absintos, amaretos, whiskys e sei lá mais o que a amiga sugeriu: “Vamos num motel que tenha piscina porque eu quero nadar.” Óbvio que todo mundo ficou meio relutante ao desejo da estimada colega e então ela completou: “Vamos nos permitir gente!” E num momento de pouca lucidez coletiva acabamos aceitando. Cada louco ou bêbado com a sua excentricidade, não é? Deixa a menina nadar...
A próxima coisa que me recordo é de estar na BR andando com uma motorista pra lá de empolgada que tirava as mãos do volante pra cantar Avril Lavigne. Aliás, escutamos o cd da Avril umas 95 vezes porque era o único existente no carro e no final de nossa jornada, todos sabiam as letras de cor, salteado e se bobear de trás pra frente.
Não sei exatamente como ainda, mas chegamos com vida ao local de destino. E como estávamos em cinco e não tínhamos tanto dinheiro pra investir nessa história de motel com piscina resolvemos “ocultar” três pessoas no carro pra pagar só por um casal. Sei lá que diabos eu tinha na minha cabeça, mas concordei em me esconder no porta-malas com uma amiga e devo dizer que não pretendo fazer isso tão cedo novamente na minha vida.
Infelizmente nossos esforços foram em vão e acabaram descobrindo nosso plano maligno depois que entramos no quarto. Contudo, ainda entusiasmados com a idéia de nos permitir, que era reforçada pela amiga a cada cinco minutos, tivemos a fantástica idéia de ir para o Parque Barigui ver o sol nascer. Mas o Barigui era pouco for nóis naquela noite e quando vi estávamos descendo pra Guaratuba. Tá, confesso. A brilhante sugestão foi minha. Mas como diriam: “O que é um peido pra quem tá cagado?”
Vinho barato na mão (que sei lá da onde surgiu) e pézinho descalço na areia pra ver o sol nascer. Se bem que a gente chegou meio atrasado pra isso na verdade, mas chegamos! E como nós já estávamos por lá mesmo acabamos passando o fim de semana na praia na casa dos pais da amiga à base de geladinho (que era a única coisa que tinha na geladeira e ninguém tinha mais dinheiro).
A parte mais triste foi a volta pra casa no domingo. Roupas cheias de areia, ressaca, aquela cara de sexta-feira e uma pitada de melancolia. Mas como diria o Lulu: “Não há tempo que volte amor. Vamos viver tudo que há pra viver. Vamos nos permitir." Se bem que na próxima pretendo me permitir um pouco menos porque tenho medo da onde eu possa parar...