Wednesday, December 21, 2011

Pieces of the people we love



Tomada por um sentimento nostálgico arrebatador (leia-se falta do que fazer) resolvi revirar as lembranças do passado e abri uma caixa com recordações que guardo desde faz tempo. Imediatamente lembrei da frase que uma ex me disse uma vez: "todo relacionamento acaba em uma caixa", E não, ela não quis dizer metaforicamente, embora os relacionamentos passados também acabem numa caixinha empoeirada escondida num local ermo da memória. Enfim, eis alguns itens que encontrei e que quase fizeram escorrer uma lagriminha de emoção quando liguei o objeto ao acontecimento:

- Uma caixa de trident que uma ex comprou para mim em uma viagem para São Bento do Sul.
Ok, parece meio bizarro guardar uma caixa de chicletes, mas eu estava apaixonada, então tudo que vinha da moça em questão tinha significado. Vamos dar um desconto gente!
- (Muitos) tickets de cinema.
Na verdade cheguei a uma triste conclusão ao ver tais tickets: que já gastei dinheiro demais indo ver porcaria no cinema.
- Entradas para o teatro da peça "A Bela e a Fera".
Bom, "A Bela e a Fera" é certamente um dos meus desenhos favoritos da Disney e nesse dia em questão fui ver a peça porque uma amiga fazia o papel do relógio.
- Entradas para o museu para uma exposição sobre o Japão.
O fato é que fui obrigada a ir a essa exposição por conta de um trabalho da faculdade no primeiro ano. E não é que eu acabei adorando? Tanto que tornei a visitar a exposição na semana seguinte.
- Vários post-it com recadinhos dos amiguis.
Porra, que coisa gostosa receber um um recadinho curto e singelo dizendo: gosto muito de você. Por que as pessoas não fazem mais isso?
- Passagens de ônibus para vários locais distintos.
Outro item que cheguei a uma triste conclusão: já viajei demais para Guaratuba de ônibus.
- Letras de música.
Bem, quem me conhece sabe que adoro cantar uma música ruim para descontrair o ambiente. E no meio dessa tralha toda encontrei a letra de Eva da Banda Eva que foi impressa por uma colega de trabalho em meados de 2008. Acho que ela estava insinuando que além de cantar mal, eu também canto errado e por isso me deu a letra.
- Bilhetes da mega sena.
Final do ano passado tentei ser milionária. Não deu certo. Foi a primeira vez que apostei.
- Recibos de mercado.
Não sei porque guardei isso, mas alguns deles comprovam a compra da ilustre Kaipy e de vinho Campo Largo, ou seja: meu passado é realmente negro e eu não tinha o mínimo de noção de bom gosto para ficar tomando essas porcarias.
- Desenhos.
Nunca tive os dons de desenhar bem, então já ganhei vááários desenhos bonitinhos dos amigos e affairs. Mas o que tem mais significado é um desenho feito por uma ex do filme Mary and Max. Tanto o filme quanto a ex me fazem lembrar de um momento ótimo da minha vida.
- Cartas.
Cartas de amigos que atualmente estão casados e tem filhos ou ainda que moram em outro país ou cidade. Tenho também cartas de pessoas que não tenho a mínima ideia por onde andam, mas que um dia já fizeram parte da minha vida. Como era bom escrever e receber cartas.
- Guardanapos com recadinhos fofos.
Outra modalidade de declaração de afeto dos amigos. Na falta de papel ou post-it, vai o guardanapo do bar ou da lanchonete mesmo!
- Ingresso e flyer com a programação do Planeta Terra 2010.
Festival que apresentou bandas incríveis e que tive o prazer de assistir com pessoas fantásticas. Sério, foi um dos dias mais felizes da minha vida. Principalmente a parte de ver o Passion Pit da primeira fila.
- Santinhos e adesivos do Osmar Serraglio.
Ilustre político para o qual eu e algumas amigas trabalhamos durante a campanha política que o cara fez em 2006. Eu acordava 5:30 para ir ao comitê, mas foi um dos trabalhos mais divertidos que eu era paga para fazer.
- Garrafinha de Absolut.
Essa garrafa veio diretamente de Amsterdam para causar a discórdia entre eu e minha ex. Mas tudo bem, passou e agora é até engraçado contar o que aconteceu no dia que resolvemos encher a cara de mini absoluts na balada.
- Cartão da pousada de Baependi/MG.
Acho que demorei 18 horas para chegar neste local que eu nem sabia que existia, mas valeu a pena cada dia ao lado de amigos queridos, além de toda mordomia que tínhamos na pousada.
- Ingresso do Tim Festival de 2007.
Outro festival maravilhoso que tive a oportunidade de assistir. O melhor de tudo: paguei 30 REAIS, isso mesmo, 30 reais para ver Hot Chip, Björk, Arctic Monkeys e The Killers. Foi nesse dia também que engatei um romance com uma amiga. O rolo acabou muito mal, mas abafa o caso.
- Recibo do King Temaki.
Lembro perfeitamente desse dia e inclusive tenho um vídeo da minha excelentíssima ex nesse fatídico dia. Explico porque lembro tão bem de tudo: foi a primeira vez que comi sushi (na verdade tinha comido quando era criança mas não lembrava do gosto) e a bonita me ensinou a comer com o hashi.
- Convite do show Unidos pela Paz.
De paz não teve nada nesse show porque uma galera morreu pisoteada. Mas fui com o meu querido pai e madrasta para assistir Raimundos, Tihuana, Natiruts, Charlie Brown em 2003 e apesar dos pesares, foi bem bacana.
- A única carta que uma ex me escreveu.
Essa é a mesma ex da caixa de Trident e como foi a única carta que ela me escreveu enquanto assistia aula comigo em 2007, guardei com muito carinho.
- Uma embalagem de Laka com a inscrição "uhmm".
Ganhei essa embalagem (isso mesmo, só a embalagem sem o chocolate) de presente de aniversário de uma amiga que atualmente mora na França. Esse "uhmm" faz menção a um triste episódio que envolve whiskey, vômito e Laka e que eu não vou contar aqui porque é muito trash.
- Pulseira vip grudada com chiclete para entrar no Crystal Fashion.
A história foi a seguinte: só entrava no desfile quem tivesse pulseira. Todos os amigos tinham, menos eu. O que fiz então? Abordei uma pessoa que estava de saída do local, pedi a pulseira dela e grudei com chicletes. Eu sei, sou muito malária, mas que deu certo deu. A minha motivação nesse dia? Uma barraca do Taco com nachos, tequila e margarita free. Se eu vi o desfile? Quem pensa em desfile quando se tem nachos, tequila e margarita de graça?
- Bottons.
Nunca tive a pira de comprar bottons, mas já ganhei vários de amigos, inclusive um de uma amiga chamada Anny que dizia "Sorry boys, I'm gay". Ótimo. A Anny atualmente é casada, tem filho e mora na Suécia. Saudades dela e nossas tardes de cerveja e cigarros nos bares da PUC.
- Flyers de shows de HC.
Se eu ganhasse um real toda vez que me chamavam de emo nessa época, certamente eu teria muitos reais a mais na carteira. Mas foi uma época ótima. Amigos loucos. Bebida barata. Cigarro mentolado. Moshs. Pegação. Aiai...
- Caixa de cigarros em fase de testes.
Agora fico me perguntando que diabos eu tinha na cabeça para fumar essa porcaria. Mas era uma amiga da faculdade que fornecia e não era tão ruim assim. Ok, mentira, era ruim sim, mas era de graça.
- Fotos.
Como era boa essa época de bater fotos e depois levar para revelar. As fotos em questão remontam momentos felizes da minha adolescência na escola com os amigos e no Beto Carrero com o meu pai. Como era bom ser tão despreocupada. E como eu era feinha, credo. Ainda bem que o tempo operou milagres.

Ao final da minha odisséia, que durou quase 3 horas ficou um sentimento de regressão na boca e uma pitada de melancolia. Mas o reconfortante dessa história da caixa é que só se guarda nela objetos que trazem boas recordações. O que é ruim não tem espaço, pelo menos não nessa caixa (e agora estou falando metaforicamente). Na realidade preferia não ser tão apegada a esses pequenos objetos, mas de qualquer forma se eles não existissem haveria minha querida memória, me presenteando com lembranças ao sentir um aroma familiar, escutar alguma música ou passar por algum lugar. E essa não é como um HD que posso simplesmente apagar ou como uma caixa que posso me desfazer. Ainda bem!