Tuesday, January 10, 2012

It gets the worst at night

Depois de ter uma overdose de cigarros nas festas de fim de ano, tive uma epifania antes de ir trabalhar, e finalmente decidi: vou parar com essa merda! “Vou cuidar da carcaça” como diz uma amiga minha. Eis que revelo aqui os 7 primeiros dias da minha saga contra o tabagismo! 


Dia 01
Fumei meu último cigarro por volta das 08:45 e o dia transcorreu sem grandes desafios, pois a ressaca de cigarro do ano novo ainda dava as caras. Porém, quando a noite chegou foi bem difícil resistir à vontade de dar uma tragadinha. Então fiz um tererê na tentativa de começar a enraizar um novo hábito na minha vida que não envolvesse Marlboro. Não deu muito certo, aí usei o bate-papo do Facebook como recurso para me distrair. O que também falhou, porque eu continuava pensando incessantemente sobre cigarros. Decidi então chutar o balde e abrir uma cerveja e testar minha força de vontade. Também fui procurar informações a respeito do assunto para ler sobre todos os malefícios do tabaco e realmente me convencer que tomei a decisão certa. Depois disso concluí que o melhor era tentar dormir e esquecer desse vício que assola minha vida. 
1ª prova de fogo: tomei 3 cervejas sem fumar. 


Dia 02
Acordei com dor de cabeça, tontura e logo percebi que meu humor estava péssimo. No trânsito levei uma fechada e já tive um ímpeto de gritar com o motorista e extravasar meu ódio. A vontade de esfaquear alguém persistiu ao longo do dia e foi minguando depois que encontrei duas amigas e ficamos batendo papo por horas. Ao voltar para casa tive o desejo de acender um cigarro no carro, mas segurei a onda. Minha noite de sono foi péssima e acordei umas 28x durante a noite. 
2ª prova de fogo: estar no mesmo ambiente que outro fumante e abster-se de fumar. 


Dia 03
Como dormi mal, acordei com o humor ainda pior que o dia anterior e a dor de cabeça ainda não havia me dado trégua. Juro que durante a tarde até eu queria dar um tempo de mim mesma porque já não estava agüentando mais tanto azedume. A noite foi bem tranqüila no sentido de ter vontade de fumar, pois passei 3h dentro do shopping procurando por uma calça jeans que me caísse bem. Percebi que distrair a cabeça é o canal para esquecer dessa vontade louca de fumar que vai e vem. Ao chegar em casa arranjei outra distração: minha mais nova aquisição - uma câmera fotográfica super legaus. Fiquei brincando com ela por 2h e fui dormir. Felizmente minha noite de sono foi ótima. Acordei só uma vez na calada da noite para fazer xixi. Fato aceitável, porque eu tomei duas cervejas antes de dormir...
3ª prova de fogo: conviver comigo mesma sem fumar. 


Dia 04
Já aceitei que a dor de cabeça será minha companheira pelos próximos dias. Mas o fato de ser sexta-feira amenizou um pouco minha hostilidade. Só um pouco. Felizmente o dia passou rapidamente e sem muitas surpresas. Quando cheguei em casa resolvi acender um incenso e ler um pouco para relaxar. Até que foi interessante a experiência, fora o fato do incenso ter potencializado minha dor de cabeça. Concluí que vou ter que arranjar outra forma de desestressar. Resolvi então ver um filminho para distrair a mente. Funcionou, pois nem pensei muito em cigarro. Fui dormir depois da meia noite e capotei. 
4ª prova de fogo: chegar em casa depois de uma semana cansativa, abrir uma cerveja e não fumar um cigarrinho. 


Dia 05
Acordei por volta das 09:30 com o maldito vizinho que mora no apartamento de baixo cantando. Toda sexta-feira à noite, sábado e domingo de manhã ele coloca o mesmo CD e começa a cantar mais alto que a música. Minha vontade é sempre descer e matá-lo à machadadas. Mas ok, a vida em comunidade tem seus percalços, já aceitei isso. Depois de ficar praguejando e desejando que algo de ruim acontecesse com ele, consegui pegar no sono novamente e cochilei mais um pouco. Acordei  um pouco mais bem humorada, mas a dor de cabeça, óbvio, não me abandonou. E graças a isso comecei a me injuriar. Resolvi então sair de casa para espairecer e deu certo. Fiquei horas jogando conversa fora numa praça e depois fui para um churrasco. Na verdade, ir nesse churrasco foi uma verdadeira provação, pois a maior parte dos meus amigos são fumantes. Então enquanto eles estavam lá com seus drinks e cigarrinhos acesos eu ficava pensando: "por que eu parei de fumar mesmo?" Mesmo não encontrando respostas muito satisfatórias na hora eu não cedi a vontade de fumar e fui para casa bem orgulhosa da minha postura firme. 
5ª prova de fogo: ficar rodeada de amigos fumantes e abster-se de fumar. 


Dia 06
Acordei quase meio-dia, fui almoçar e depois uma amiga veio na minha casa. Tomamos tererê, conversamos, vimos filme e assim a tarde passou rapidamente sem transtornos. De longe, foi o dia mais tranqüilo com relação aos desejos de fumar. O problema foi quando bateu aquela famosa bad trip de domingo à noite. A vontade de acender um cigarro foi automática. Felizmente estava munida de um arsenal anti-tédio pesadíssimo no meu pc. Então o que fiz foi canalizar meus pensamentos para Desperate Housewives. Resolveu. Acho que ainda não posso voltar a ver Mad Men, porque a galera abusa do cigarro e biritas nesse seriado. 
6ª prova de fogo: enfrentar a bad de domingo sem fumar um cigas. 


Dia 07
Não é a toa que na segunda-feira as taxas de suicídio são maiores se comparadas com as dos outros dias da semana. Puta que pariu... como é difícil sair da cama na segunda. Mas ok. O dia correu melhor do que eu previa e passou sem demora. Pela primeira vez em dias, meu humor não estava um cu. Não vou exagerar dizendo que estava bem humorada, mas pelo menos não estava a ponto de matar alguém. Quando cheguei em casa caí na besteira de assistir um filme iraniano. Chato pra caralho. O que salvou a noite foi um episódio de Mad Men onde eles devem ter fumado uns 57 cigarros e me fizeram morrer de inveja, mas tudo bem. Sei que mais dia, menos dia não vou ligar mais para essas coisas. Ou assim eu espero que seja...
7ª prova de fogo: assistir um filme ruim de doer sem pausa para o cigarro e depois um episódio de Mad Men. 


Ufa, 7 dias, 168 horas, 10.080 segundos. Uma semana sem fumar! Espero que esses 7 dias se tornem 70 e que os 70, tornem-se 700. O caminho a percorrer é longo, eu sei, mas não falta força de vontade. Aliás, por mais clichê que seja dizer, vontade é algo que dá e passa (isso se aplica a tudo na vida, desde não ceder àquela fatia generosa de bolo de chocolate até evitar mandar um SMS para alguém indevido). Enfim, boa sorte para mim e não, eu não vou tentar um método que um amigo ensinou: “toda vez que sentir vontade de fumar tome um rabo de galo”. Meu fígado agradece.